Área educativa - Observação de Supercélulas em Portugal continental
Há já alguns anos que se sabe existir um determinado conjunto de condições meteorológicas identificáveis à escala sinóptica, que parece favorecer a formação de SC. Embora os modelos de previsão numérica do tempo operacionalmente utilizados pelos serviços meteorológicos, apresentem um bom desempenho de previsão na escala sinóptica e mesmo na mesoescala, ainda persiste a impossibilidade em antecipar o local e hora em que uma SC irá surgir.
A que se deve este facto, aparentemente contraditório? Na verdade, deve-se a inúmeros fatores, mas pode dizer-se que alguns dos parâmetros de que depende a génese das SC se apresentam de tal modo variáveis de local para local e, no mesmo local, variáveis de instante para instante, que tais variações não são frequentemente detetáveis pelos modelos de previsão numérica. Isto pode explicar porque motivo o referido conjunto de condições não é inequívocamente indicativo de que as SC se venham a formar, inclusivé para uma determinada área geográfica.
Atualmente, em especial nos países em que a prevalência de SC é elevada, a previsão deste tipo de organização convectiva assenta essencialmente na filosofia dos chamados “índices”. Estes “índices” são construídos recorrendo a uma combinação, normalizada, de vários parâmetros considerados relevantes para a génese das SC. No entanto, a previsão atempada e bem localizada deste tipo de fenómeno continuará a ser dificil de alcançar. O papel desempenhado, por exemplo, pela instabilidade local – que uma radiossondagem dificilmente exprimirá - deverá ser de grande importância na geração de SC, assim como o perfil vertical do vento,a nível local, que a própria SC é suscetível de alterar, nas suas vizinhanças.