2021-04-21 (IPMA)
Está disponível online o artigo “Into the deep – Dispersal models for deep-water decapod shrimp larvae: The case of Parapenaeus longirostris” da autoria de Rita F. T. Pires, Antonina dos Santos (ambas do IPMA/CIIMAR) e Álvaro Peliz (IDL/FCUL), que será publicado no volume 194 da revista científica Progress in Oceanography.
Este estudo trata da importante, e muito pouco estudada, problemática da dispersão das larvas da gamba-branca, Parapenaeus longirostris, um importante recurso pesqueiro presente em águas portuguesas.
As larvas são estádios iniciais pelágicos do ciclo de vida. Os ovos são libertados directamente para a água pelas fêmeas e as larvas rapidamente eclodem, encontrando-se à mercê das correntes oceânicas. Apesar da sua fragilidade, as larvas apresentam uma grande capacidade de se adaptar às condições oceânicas, ajustando a sua posição vertical na coluna de água através de migrações verticais.
No trabalho de modelação, os dados biológicos foram incorporados em modelos numéricos computacionais que simularam dados físicos do oceano (correntes, ventos, etc.). De uma forma simplificada, as simulações numéricas seguem larvas virtuais desde os locais de desova, durante um período de tempo correspondente à duração da fase larvar. As simulações permitem perceber como é que as larvas poderão responder às diferentes condições oceânicas, e de que forma essa resposta poderá influenciar a direcção e a extensão do seu transporte numa determinada área.
Os resultados mostraram que a circulação nas camadas de água mais profundas (por exemplo, na vizinhança de canhões submarinos) e o comportamento de migração vertical promovem um transporte das larvas virtuais desde as zonas de habitat dos adultos, em águas da vertente continental, até às áreas mais costeiras e produtivas onde terão maiores condições para se desenvolver. Experiências passivas, sem migrações verticais, mostraram-se insuficientes para que as larvas atingissem as zonas menos profundas da coluna de água. Os locais, mais costeiros ou profundos, em que as larvas são libertadas parece ser outro factor que poderá ditar a retenção em áreas mais produtivas/costeiras. Assim, os movimentos das fêmeas para zonas menos profundas, sugeridos em trabalhos anteriores, poderão contribuir para uma maior sobrevivência larvar.
Este conhecimento sobre a dispersão será essencial para melhor compreender a dinâmica populacional da espécie e para uma gestão integrada dos mananciais de adultos.
Imagens associadas