2013-06-03 (IPMA)
Que mecanismos são usados pelas larvas de crustáceos para atingir os locais de assentamento na costa e/ou Ria de Aveiro?
As larvas de crustáceos decápodes (por exemplo: camarões e caranguejos), cujos estádios iniciais são chamados zoés e o último chamado de megalopa, fazem migrações verticais diárias na coluna da água do mar de regiões costeiras, estando próximas da superfície durante a noite e junto ao fundo durante o dia. Este comportamento vai promover a sua retenção na plataforma continental, em especial em condições de afloramento costeiro. A distribuição das larvas de espécies costeiras ocorre numa banda estreita paralela à costa sugerindo que estas vão sofrer um maior transporte na direção norte-sul (paralela à costa) do que na este-oeste (perpendicular à costa).
Nesta experiência, usaremos o que designamos por derivadores ecológicos (laranjas) e dois derivadores mecânicos com transmissão de posição por GPS (figura). Serão largadas cerca de 2000 laranjas numa posição (lat. 40°50'N, long. 08°46'W) que fica a cerca de 10 km da costa da região de Aveiro. Espera-se que as laranjas sejam levadas pelas correntes superficiais de encontro à costa. A experiência tem como objetivo obter informação sobre as correntes à superfície, tendo em conta o comportamento das megalopas (figura), que se sabe estarem nas camadas de águas próximo da superfície durante o período noturno e que necessitam de retornar aos locais, na costa, onde vivem as populações adultas.
As espécies alvo deste estudo são representativas de grupos que constituem bons modelos biológicos para a investigação destes processos. Os dados obtidos, juntamente com as estimações de abundância das larvas em vários estratos da coluna de água, provenientes da recolha de dados da campanha oceanográfica que decorreu na passada semana e com os que estão a ser recolhidos com os medidores de correntes (figura) que se encontram em locais fixos na mesma área, vão permitir elaborar um modelo hidrodinâmico da dispersão larvar que se espera possa contribuir para o conhecimento dos mecanismos que controlam o recrutamento das populações de invertebrados costeiros.
A experiência é realizada no âmbito do projeto IMPROVE (PTDC/MAR/110796/2009), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, é coordenado pela Doutora Antonina dos Santos do IPMA e vai contar também com a participação dos Prof. Paulo Relvas do CCMar e, Jesus Dubert da Universidade de Aveiro, parceiros do projeto.