2020-06-03 (IPMA)
A pegada de carbono é uma forma de medir o impacto das atividades humanas no meio ambiente através da quantificação de gases com efeito estufa durante todo o ciclo de vida de um produto ou serviço.
Um gás com efeito estufa (GEE) é qualquer gás que absorve e liberta radiação infravermelha na atmosfera. Muitos GEE ocorrem naturalmente na atmosfera, como o dióxido de carbono (CO²), metano (que é cerca de 25 vezes mais potente que o CO²), óxido nitroso (300 vezes mais potente que o CO2) e vapor de água, enquanto outros são de produzidos pelo homem, como os clorofluorocarbonetos (CFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs) e perfluorocarbonetos (PFCs), bem como o hexafluoreto de enxofre. A pegada de carbono representa a quantidade desses gases medida em quilos ou toneladas de CO².
No último século, as concentrações atmosféricas de GEE têm aumentado devido às atividades humanas, levando a alterações climáticas significativas e persistentes. A mitigação das alterações climáticas é a intervenção para reduzir o impacto humano no sistema climático através de estratégias que reduzam as fontes e emissões de GEE.
Os custos ambientais associados à produção de alimentos são geralmente maiores em produtos de origem animal, mas há uma grande diferença entre os diferentes grupos de animais. As formas de proteína animal do oceano provenientes da pesca ou aquacultura têm geralmente uma pegada de carbono mais baixa e são mais eficientes, considerando também o consumo de água e as limitações de área terrestre necessárias, comparativamente aos animais da pecuária.
A maioria dos custos ambientais do pescado derivam do combustível dos barcos de pesca ou da ração na aquacultura, mas existem grandes diferenças entre espécies e, nalguns casos, para o mesmo produto, dependendo do método de produção ou da arte de pesca utilizada. Por exemplo, a pesca baseia-se na extração de recursos selvagens, que são altamente variáveis no espaço e no tempo, e é conduzida usando uma variedade de métodos com eficiências muito diferentes, resultando numa grande amplitude de emissões de GEE.
As formas de proteína animal com menor impacto são os pequenos pelágicos (ex. sardinha, cavala, carapau) porque podem ser capturados com um baixo consumo de combustível, bem como os bivalves de aquacultura porque se alimentam naturalmente no oceano.
De qualquer forma, esta análise é limitada aos estudos que utilizam a metodologia de Análise do Ciclo de Vida (ACV), existindo ainda métodos de produção animal que não foram avaliados.
A este respeito referimos que o IPMA participa no projeto europeu "Neptunus" que visa estudar diversos produtos da pesca e aquacultura produzidos no Atlântico, integrando a diversidade de embalagens usadas, com base na ACV e encontrar ações-chave para o uso mais eficiente dos recursos: https://neptunus-project.eu/
Documentos consultados
Hilborn, R., Banobi, J., Hall, S. J., Pucylowski, T., & Walsworth, T. E. (2018). The environmental cost of animal source foods. Frontiers in Ecology and the Environment, 16(6), 329-335.
Skontorp Hognes, E., Tyedmers, P., Krewer, C., Scholten, J., & Ziegler, F. (2018). Seafood Life Cycle Inventory database: Methodology and Principles and Data Quality Guidelines. http://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:1263853/FULLTEXT01.pdf
The Seafish Guide to Greenhouse Gas Emissions in Seafood https://www.seafish.org/media/publications/SeafishGuidetoGHGEmissionsinSeafood_201409.pdf
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