2021-03-18 (IPMA)
Pelas 09:51 de 18 de março de 2021, ocorreu um sismo de magnitude 3,4 com epicentro a cerca de 10 km a Este de Loures. O sismo foi sentido com intensidade máxima IV (Escala de Mercalli modificada, 1956) nos concelhos de Loures, Oeiras, Sintra, Vila Franca de Xira, Odivelas, Alcochete e Barreiro, e com menor intensidade em locais situados a distâncias até próximo de 100km do epicentro (ver link do shakemap abaixo).
Esta localização é onde provavelmente também terá sido o epicentro do sismo de 1531 com magnitude estimada de 6,7 e que gerou um tsunami verificado a Norte de Lisboa. O epicentro deste sismo situa-se também a cerca de 20 km de Benavente, onde no dia 23 de abril de 1909, às 17:05h ocorreu o sismo de Benavente que provocou elevados danos materiais, cerca de quatro dezenas de mortos e terá tido magnitude estimada (Ms) de cerca 6,1.
A carta geológica na escala 1/50 000 (LNEG) da região de Loures mostra falhas principais de direcção próxima de Norte-Sul. Estas falhas resultaram inicialmente de impulsos precoces da estruturação do Oceano Atlântico no Jurássico (~150 milhões de anos) e foram reactivadas durante a compressão alpina há cerca de 20 milhões de anos.
À parte destes dois eventos geológicos de grande magnitude, estas falhas continuam a ser reactivadas pelo campo de tensões actual essencialmente condicionado pela colisão da África com a Península Ibérica que tem gerado sismos de grande magnitude, nomeadamente os de 1755 e 1969 e, mais perto de Lisboa, os de 1531 e de 1909.
O IPMA, no âmbito da sua missão de monitorizar e estudar a sismicidade do território português, efectuou missões experimentais com um sistema recentemente adquirido, um perfilador de sub-fundo, que permite visualizar a estrutura dos sedimentos mais superficiais e mais recentes no rio Tejo. A imagem junto permite constatar as perturbações geométricas que sedimentos muito recentes (os mais antigos com poucos milhares de anos) apresentam na região onde se verificou o sismo de 18 de março.
Estas imagens testemunham a deformação muito recente que os sedimentos do rio Tejo têm experimentado. A origem destas deformações têm certamente uma componente tectónica associada a deformação profunda, possivelmente de origem sísmica.
O mecanismo focal do sismo corresponde a um mecanismo de falha inversa com uma componente de desligamento, conforme se mostra figura 3. Esta solução sugere dois planos possíveis para a falha geradora do sismo, com orientações aproximadas NNW-SSE e NNE-SSW.
Imagens associadas