2025-08-02 (IPMA)
Organizada pelo IPMA e pelo Governo Regional dos Açores, a conferência internacional “Weather, Climate and the Economy” decorreu no dia 29 de julho no Auditório do Ramo Grande, na Praia da Vitória, na ilha Terceira. O evento que contou com a presença de mais de 200 pessoas procurou fomentar o debate sobre os efeitos das alterações climáticas na economia e nas políticas públicas, dando a conhecer a perspetiva de especialistas de diferentes áreas sobre o tema.
Fenómenos extremos, como cheias catastróficas, incêndios descontrolados, ou secas prolongadas e extremas, são cada vez mais frequentes, consequência das alterações climáticas. Além da segurança de pessoas e bens, estas têm efeitos profundamente impactantes na economia local, regional e global, bem como nas finanças públicas. Assim, “impõe-se perceber e dar a conhecer à sociedade em geral que instrumentos têm os estados desenvolvido a nível científico, económico e de políticas públicas, para adaptação e resiliência a este novo cenário”, afirmou o presidente do IPMA, José Guerreiro, na sessão de abertura da conferência.
Segundo o responsável, as decisões políticas e económicas relativas às alterações climáticas e aos fenómenos meteorológicos extremos intensificaram-se nas últimas décadas, tanto a nível nacional, como internacional, envolvendo medidas de mitigação, adaptação, financiamento climático e cooperação internacional.
“Enfrentamos um novo normal”, no qual “cada ator tem o seu papel e responsabilidade para uma resposta conjunta e medidas concretas, que vão de encontro aos anseios e expetativas da sociedade e agentes económicos. Nesse sentido, o IPMA, como Laboratório de Estado de referência, definiu, em articulação com o Governo, as suas Opções Estratégicas 2025-2028, através do Plano Estratégico Nexus Oceano Atmosfera (PENOA).
Abraçando a missão de contribuir para a definição e execução das melhores políticas públicas e apoiar a governança neste cenário desafiante, o IPMA entende que este é “um combate de todos”, no qual “a nossa geração não pode falhar à próxima”, concluiu José Guerreiro.
Lembrando que os “Açores têm sentido, de forma clara, o aumento da frequência e intensidade de fenómenos meteorológicos extremos”, como o furacão Lorenzo, cujos prejuízos atingiram os 330 milhões de euros, o Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolineiro, sublinhou a urgência não só de mitigar as alterações climáticas, mas também “de reforçar a nossa resiliência e capacidade de adaptação, reduzindo a exposição aos riscos naturais e aumentando a proteção de pessoas e bens”.
Na sua intervenção, José Manuel Bolieiro destacou, entre outras medidas, a conclusão, em cooperação com o IPMA, da “Rede Regional de Radares Meteorológicos dos Açores, um investimento de cinco milhões de euros, que garante cobertura integral do arquipélago com tecnologia de ponta, fortalecendo a vigilância e prevenção meteorológica, e permitindo avisos tempestivos à população e aos serviços de proteção civil”.
A conferência continuou com o enquadramento inicial realizado pelo Chefe de Divisão de Clima e Alterações Climáticas do IPMA, Ricardo Deus, seguindo-se uma apresentação por videoconferência do ex-Presidente da Comissão Europeia e ex-Primeiro-ministro, Durão Barroso.
A tarde prosseguiu com a mensagem da Secretária-Geral da Organização Meteorológica Mundial, Celeste Saulo, e as intervenções do diretor para as Relações internacionais para o Clima e Oceano do Woods Hole Oceanographic Institute (WHOI), Kilaparti Ramakrishna, do presidente do Conselho Nacional de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Filipe Duarte Santos, do Executive Partner da Crowe Advisory - SaeR e CEO da SaeR - Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco, José Poças Esteves, e do Chefe da Unidade de Adaptação e Financiamento Climático da Agência do Clima, Pedro Baptista.
A conferência terminou com a mesa-redonda “O Tempo, o Clima e a Economia”, cuja moderação ficou a cargo do jornalista Sidónio Bettencourt.
Observatório Climático do Atlântico
Na conferência, o Presidente do Governo Regional expressou a sua “satisfação pela futura instalação e funcionamento do Observatório Climático do Atlântico” (OCA) na ilha Terceira, anunciando que o Projeto de Execução para Reabilitação do Observatório José Agostinho foi já adjudicado a um gabinete de Arquitetura local. Estima-se que este projeto fique concluído em novembro e que, de imediato, o IPMA lance o respetivo concurso público.
Representando um investimento total de cerca de dois milhões de euros, um milhão de euros do IPMA destinado à reabilitação das infraestruturas e um milhão do governo regional para aquisição e instalação de equipamentos, o OCA deverá entrar em funcionamento no final de 2027.
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