O projeto prevê aprofundar o conhecimento da biologia reprodutiva e da produção em maternidade
de várias espécies de bivalves, com o objetivo de alavancar a implementação de programas de
repovoamento de bancos naturais, contribuindo, deste modo, para uma mais rápida recuperação dos
recursos e uma maior produtividade do sector aquícola. O conhecimento da estratégia reprodutiva das
espécies permitirá dar resposta às necessidades das maternidades de bivalves em expansão em
Portugal, contribuindo com mais informação relativa à otimização de protocolos de produção, através
da avaliação das necessidades nutricionais, rentabilizando e revitalizando a
produção e comercialização de espécies com bom potencial de mercado.
A jusante, a avaliação do efeito dos fatores ambientais e das suas alterações na fecundação e
na viabilidade larvar vislumbra o panorama sobre a influência das alterações climáticas no
recrutamento de espécies de bivalves com interesse comercial. O conhecimento das consequências
destes fenómenos ambientais para a aquacultura permitirá programar
medidas de gestão mais sustentáveis dos recursos, nomeadamente de repovoamentos
com espécimes produzidos em maternidade, por forma a mitigar os efeitos nefastos.
O repovoamento com larvas/juvenis produzidas em maternidade, pode ser uma mais valia para o
sector da pesca e colmatar as oscilações que, em certos anos ocorrem na costa algarvia, promovendo
uma utilização sustentável dos recursos. Da mesma forma, a introdução de novas espécies em
aquacultura, nomeadamente de outros grupos de invertebrados, pode ser de grande relevância, tanto a
nível da recuperação de recursos, como a nível da introdução de novos produtos no mercado que
despertem interesse ao consumidor ou da obtenção de outros produtos.
As técnicas utilizadas para produção de amêijoa-boa em maternidade ainda não constituem um
protocolo estabelecido que permita a produção continuada de juvenis ao longo do ano, sendo por isso
necessário investir no aperfeiçoamento das mesmas. Este projeto pretende testar novos métodos de
produção sustentável que permitirão melhorar os protocolos de produção desta espécie sem descuidar
o bem-estar animal.
A produção de ostra e amêijoa-boa nos sistemas lagunares do Algarve baseia-se em técnicas
rudimentares, muitas vezes utilizando materiais que provocam impacte negativo tanto ambiental como
visual. Torna-se, assim premente encontrar sistemas de produção de ostras alternativos para
viveiros, se possível constituídos por elementos provenientes das zonas lagunares, por forma a
torná-los mais “eco-friendly” e a reduzir o impacte desta atividade no ambiente. Por outro lado, a
produção de ostra em viveiros da Ria Formosa tem vindo a aumentar significativamente, atingindo uma
densidade tal que constituí uma preocupação para os produtores de amêijoa-boa, sendo a cultura de
amêijoa-boa mais tradicional e que mais contribui em termos económicos e sociais para a região,
importa assim, saber os limites de carga da co-produção destas espécies num sistema lagunar.
Conscientes de que alcançar um equilíbrio entre estes fatores requer um conhecimento aprofundado da
sua dinâmica no ecossistema, este projeto pretende gerar conhecimento que permita contribuir para
melhorar os processos de produção destas espécies, nomeadamente das necessidades energéticas dos
indivíduos durante a fase de engorda.
O projeto pretende também promover o intercâmbio de experiências e de boas práticas entre o
IPMA e os profissionais; desenvolver ações de formação e divulgação, para profissionais do sector,
administração e comunidade científica. |