Data: 2013-10-02 02:00 PM
Orador/Formador: Paulo Vale
Local: IPMA Algés Lisboa
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É reconhecido que factores não climáticos, como a actividade solar e o ciclo lunar, têm impacto no fitoplâncton e outros organismos. O dinoflagelado Gymnodinium catenatum é o principal produtor de toxinas PSP na costa portuguesa, levando recorrentemente à interdição da apanha e comercialização de diversas espécies de bivalves devido à acumulação de toxinas PSP acumuladas neste recurso das pescas.
A variação interanual de toxinas PSP em mexilhão, reflectindo a ocorrência de blooms de Gymnodinium catenatum na Ria de Aveiro no período 1986-2010, correlacionou-se positivamente com os mínimos do ciclo de 11 anos de manchas solares. A distribuição mensal dos níveis de toxinas PSP determinados nas amostras de mexilhão esteve também associada a níveis baixos de fluxo de rádio (F10.7), uma abordagem mais quantitativa da variação da actividade solar. A comparação entre a distribuição mensal de toxinas PSP no período de 1997 a 2010 e outras biotoxinas regularmente detectadas em bivalves (ácido ocadaico, dinofisistoxina-2 [grupo DSP] e toxina ASP), demonstrou que apenas as toxinas PSP estiveram significativamente associadas com fluxos de rádio baixos (p<0.01).
A frequência sazonal aumentou gradualmente do Verão para o Outono acompanhando a alteração sazonal da declinação solar. À semelhança da redução inter-anual do fluxo de rádio, o progressivo corte atmosférico de radiação solar nociva, pode actuar como um sinal fotoperiódico, definidor de outra janela de oportunidade para esta microalga.
A distribuição mensal de toxinas PSP esteve também associada com níveis baixos do Índice geomagnético Aa. A comparação entre a distribuição mensal de toxinas PSP e outras biotoxinas comuns em Portugal, demonstrou que entre 1997 e 2010 apenas as toxinas PSP estiveram significativamente associadas com Índice geomagnético Aa baixo (p<0.01). Em alguns anos de mínimo solar, não ocorreram contaminações relevantes no mexilhão. Foi observado um aumento da actividade geomagnética nesses períodos, o que poderia anular o efeito estimulante da reduzida actividade solar.
Este estudo identifica a relação de factores não climáticos e a abundância de G. catenatum através da acumulação de toxinas PSP em mexilhão e, releva a importância da manutenção de longas séries temporais para o estudo dos organismos marinhos.
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