2016-10-25 (IPMA)
Foi publicado, o nº 13 da série digital dos Relatórios Científicos e Técnicos do IPMA.
Aquacultura multi-trófica integrada em tanques de terra da autoria de: Maria Emília Cunha, Hugo Quental-Ferreira, Laura Ribeiro, Márcio Moreira, Florbela Soares, Miguel Caetano e Pedro Pousão Ferreira
Resumo
A aquacultura multi-trófica integrada (Integrated Multi-Trophic Aquaculture, IMTA) combina o cultivo de animais que necessitam do fornecimento de alimento para crescerem com organismos que utilizam a matéria inorgânica e orgânica, criando um sistema de produção equilibrado do ponto de vista ambiental.
Este trabalho apresenta os resultados obtidos no primeiro ano de uma produção multi-trófica integrada de dourada (Sparus aurata), diversas espécies de sargo (Diplodus sargus, D. cervinus, D. puntazzo, D. vulgaris), ostra portuguesa (Crassostrea angulata) e pepinos do mar (Holothuria mammata) cultivados em tanques de terra com o objetivo de avaliar a adaptabilidade destas espécies ao cultivo integrado, o seu crescimento e as estruturas de cultivo das ostras mais adequadas à sua produção em tanques de terra.
Os valores de biomassa animal produzida por metro cúbico e por tanque no final desta experiência foram 0,4 kg e 0,6 kg nos sistemas de policultivo simples e policultivo multitrófico, respetivamente. Foi possível observar que nos tanques de policultivo simples as concentrações de nitrato+nitrito e de fosfato foram superiores em oposição aos de cultivo integrado que apresentaram valores de clorofila a, carbono e azoto orgânicos totais mais altos.
As ostras tiveram uma taxa de crescimento que variou entre 10,3 % e 7,2 % de aumento de peso diário, tendo sido mais elevada durante o verão – outono, mas a sua mortalidade também foi superior. Estas ostras apresentaram uma qualidade microbiológica (classe A) superior às dos viveiros vizinhos da Ria Formosa, sugerindo a existência de um processo de depuração intermédio da água de entrada e que se pensa ocorrer no reservatório de abastecimento dos tanques. Das estruturas de cultivo de ostras testadas, cestos, lanternas e sacos de rede, as que apresentaram melhores resultados, relativamente a sobrevivência, foram as lanternas suspensas.
As espécies de peixe que melhor se adaptaram ao crescimento em tanques de terra foram Sparus aurata e Diplodus cervinus. Por sua vez, D. cervinus teve um melhor desempenho (crescimento e sobrevivência) nos tanques de cultivo integrado. Os parasitas externos que afetaram as brânquias dos peixes foram essencialmente dos géneros Microcotyle e Lamellodiscus e não houve diferenças significativas na prevalência e/ou incidência daqueles ectoparasitas entre os dois sistemas de cultivo. Lamellodiscus afetou os peixes de maiores dimensões e Microcotyleos menores. Os pepinos do mar tiveram uma sobrevivência muito baixa nas condições de cultivo experimentadas.