2021-02-15 (IPMA)
No dia 12 de fevereiro de 2021, pelas 22h08m (UTC), ocorreu um sismo de magnitude local M3,6 (escala de Richter), com epicentro na região de Rio Maior (Caldas da Rainha), mais precisamente na serra de Candeeiros, o Maciço Calcário Estremenho e hipocentro a cerca de 19 km de profundidade.
Este sismo, que não causou danos, foi sentido com intensidade máxima IV (MM56) em algumas localidades dos concelhos das Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior, e com menor intensidade em diversas outras localidades numa vasta área abrangendo os distritos de Lisboa, Leiria, Santarém, Setúbal e Portalegre. Decorrida a primeira hora pós-sismo tinham já sido rececionados no IPMA, através do questionário macrossísmico online, mais de 400 testemunhos referenciando os efeitos deste sismo.
O mecanismo focal indica que foi gerado por uma compressão horizontal com orientação noroeste-sudeste (NW-SE), com duas orientações de falhas hipoteticamente possíveis, uma de direcção aproximadamente N-S sub-vertical e outra aproximadamente W-E, também sub-vertical. O mecanismo de movimento será de desligamento, ou seja, movimentação relativa horizontal ao longo duma falha vertical.
Esta região do território de Portugal localiza-se na Bacia Lusitânica que foi gerada na sequência da fracturação do super-continente Pangea (~240 milhoes de anos) e levou à formação do oceano Atlântico (~110 milhões de anos), por adelgaçamento crustal e invasão marinha. A colisão das placas litosféricas África e Eurásia que se iniciou há cerca de 45 milhões de anos gerou os relevos levou à formação dos relevos montanhosos que hoje observamos na Península Ibérica.
As falhas que hoje observamos á superfície podem ou não estar ligadas à fonte sísmica uma vez que a profundidade de geração pode ser considerável. No caso deste sismo de Rio Maior, 19 km de profundidade, é mais do triplo da profundidade da base da Bacia Lusitânica. Não obstante, a falha da serra dos Candeeiros, tem uma orientação idêntica á falha provável de geração do sismo. Isto sugere que no substrato desta Bacia, nos terrenos mais antigos de idade Paleozóica (>320 milhoes de anos), há falhas sismogénicas com a mesma orientação das que observamos no terreno à superfície.
Imagens associadas
Mapa do fundo da Bacia Lusitânica
Em cima: Carta geológica à escala 1/15000, 26-D, publicada pelo LNEG; em baixo: Imagem do Google da região do sismo de Rio Maior