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Precipitação intensa em Lisboa – 22 setembro 2014

Imagem de Radar2014-09-23 (IPMA)

Na sequência do episódio de precipitação intensa em Lisboa ocorrida na tarde de dia 22 de setembro 2014, o IPMA informa que os valores mais significativos de precipitação no distrito de Lisboa entre as 13 e 15 horas locais foram os seguintes:
  Lisboa / Geofísico - 13.2 mm
  Lisboa / Gago Coutinho - 18.7 mm
  Lisboa / Amoreiras - 8.0 mm
  Amadora - 7.0 mm

O valor mais elevado de precipitação em 10 minutos registou-se na estação de Lisboa / Geofísico com 6 mm entre as 14:00 e 14:10 horas locais e o valor mais elevado de precipitação em 1 hora registou-se na estação de Lisboa / Gago Coutinho com 17.3 mm entre as 13:00 e as 14:00 horas locais.

Tendo em conta a utilização de imagens de radar é provável que noutros locais da cidade de Lisboa os valores de precipitação possam ter sido mais elevados e superado o valor de 20 mm por hora entre as 13 e as 15 horas locais. Numa análise preliminar, é possível indicar que, em alguns locais da cidade de Lisboa, a precipitação possa ter ultrapassado 40 mm em 2 horas (Figuras 1 e 2).

Estes valores de precipitação deveram-se à formação de sistemas convectivos de forte atividade em zonas muito localizadas e com persistência temporal, traduzindo-se numa distribuição irregular da precipitação, em particular na região da grande Lisboa; o mesmo aconteceu noutras regiões do território.

Em comparação com o episódio de precipitação intensa ocorrido em Lisboa em 18 de fevereiro de 2008 pode salientar-se o seguinte (Figura 1):

  • i)    Os valores registados na rede de estações do IPMA em 22 de setembro de 2014 são mais baixos que os valores registados em 18 de fevereiro de 2008 (por exemplo, 12.2 mm em 10 minutos em Lisboa/ Benfica em 2008 e 6.0 mm em 10 minutos em Lisboa / Geofísico em 2014);
  • ii)    De acordo com as imagens de radar, a precipitação mais intensa em 2014 não terá ocorrido sobre as estações da rede de observações do IPMA, enquanto que em 2008 os valores registados na rede de estações do IPMA terão correspondido aos valores mais elevados de precipitação;
  • iii)    Quer em 2008 como em 2014 as imagens de radar sugerem a ocorrência de 2 períodos de 1 hora em que a precipitação deverá ter ultrapassado 20 mm numa hora: entre as 02 e 03h e entre as 04 e 05h locais no dia 18 de fevereiro de 2008 e entre as 13 e 14h e entre as 14 e 15h locais no dia 22 de setembro de 2014;
  • iv)    Em intervalos de 6 e 24 horas (que incluíram o período mais crítico) em 18 de fevereiro de 2008 a precipitação foi, na rede de estações do IPMA, cerca de 3 vezes superior à que ocorreu em 22 de setembro de 2014. Por exemplo, na estação Lisboa / Gago Coutinho ocorreram, em períodos de 6 horas, valores máximos de 86.0 mm em 2008 e de 23.0 mm em 2014 e, em períodos de 24 horas, 137.8 mm em 2008 e 43.6 mm em 2014.


Deste modo, ainda numa análise preliminar, os dados sugerem que a precipitação mais intensa ocorrida em 22 de setembro 2014 em alguns locais da região de Lisboa possa, em 2 horas, ter sido semelhante à precipitação mais intensa ocorrida em 18 de fevereiro de 2008, o mesmo não tendo acontecido em 6 e em 24 horas.

Como comparação adicional pode referir-se ainda que os máximos de precipitação ocorridos nos dois episódios de precipitação intensa em Lisboa em 2008 e em 2014 foram inferiores aos ocorridos no episódio de precipitação intensa na Madeira em 20 de fevereiro de 2010: Funchal: 11.0 mm em 10 minutos, 51.3 mm numa hora, 111.5 mm em 6 horas e 144.3 mm em 24 horas; Areeiro: 15.4 mm em 10 minutos, 78.5 mm em 1 horas, 272.1 mm em 6 horas e 387.1 mm em 17 horas.

 
  • Figura1: Animação do campo de MAXZ do radar de Coruche (Cruz lo Leão) entre as 13 e 16 horas locais (12 e 15 UTC) do dia 22 de setembro 2014.
  • Figura 2: Comparação do produto de radar RAIN1 entre os episódios de 18 de fevereiro de 2008 e de 22 de setembro 2014. Em ambas as situações é atingida a classe de mais de 20 mm por hora em 2 instantes nos mesmos locais. De referir que a estimativa de precipitação obtida com radar é, na realidade, uma estimativa subjetiva com quantificação, visto que pode não corresponder à precipitação que efetivamente atinge o solo, ao contrário das observações de superfície obtidas com estações meteorológicas
 

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