Aminoácidos

Os aminoácidos são os monómeros constituintes das moléculas de proteínas que desempenham um papel importante no metabolismo dos organismos vivos, sendo essenciais na manutenção do equilíbrio azotado e na promoção do crescimento. Desempenham um papel de relevo no valor nutritivo dos alimentos, uma vez que contribuem directamente para o sabor dos alimentos e são precursores de vários compostos que se formam durante a preparação, armazenagem e confecção culinária. Através da hidrólise das proteínas obtêm-se 20 aminoácidos diferentes dos quais dezanove são a-aminoácidos, ou seja, o grupo amina (NH2) está ligado ao átomo de carbono adjacente ao grupo carboxilo. A fórmula geral é RCH(NH2)COOH, em que R (cadeia lateral) é um H, no caso da glicina, ou um grupo alifático, aromático ou heterocíclico nos restantes aminoácidos. A única excepção a esta fórmula geral é a prolina, pois o grupo NH2 é incorporado numa estrutura cíclica de cinco carbonos. Cada aminoácido é designado, em regra, abreviadamente por três letras – com base nas primeiras três letras do seu nome (Fig. 1).

Todos os aminoácidos têm uma cadeia lateral R característica, que influencia as suas propriedades físico-químicas e, consequentemente, as propriedades da proteína que constituem. De acordo com a polaridade de R, é possível agrupar os aminoácidos em três classes: (i) cadeia lateral sem carga e apolar (alanina, glicina, valina, leucina, isoleucina, prolina, fenilalanina, triptofano e metionina) (Fig. 1), (ii) cadeia lateral sem carga e polar (serina, treonina, cisteína, tirosina, asparagina e glutamina) (Fig. 2), (iii) cadeia lateral com carga (positiva: lisina, arginina e histidina ou negativa: ácidos aspártico e glutâmico) (Fig. 3).

 
 
 
 
 
 

Fig. 1. Estrutura química, nome e abreviatura dos diferentes aminoácidos com grupos R apolares.

 
 
 
   
 

Fig. 2. Estrutura química, nome e abreviatura dos diferentes aminoácidos com grupos R polares sem carga.

 
     
   
 

Fig. 3. Estrutura química, nome e abreviatura dos diferentes aminoácidos com grupos R com carga.

 
     
 

Sob o ponto de vista nutricional, os aminoácidos podem dividir-se em: essenciais (aminoácidos que o Homem não consegue sintetizar e que obtém a partir da dieta alimentar) – valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, triptofano, metionina, histidina, treonina, lisina e arginina (semi-essencial) e não essenciais – glicina, alanina, prolina, serina, cisteína, tirosina, asparagina, glutamina, ácido aspártico e ácido glutâmico. Os aminoácidos não essenciais não são dispensáveis, pois são tão importantes como os essenciais e desempenham funções insubstituíveis nos processos fisiológicos do organismo. Todavia, o Homem pode viver sem que eles façam parte da dieta alimentar. A título de exemplo é de referir que a cisteína e a tirosina são indispensáveis ao organismo adulto mas não são essenciais, uma vez que o organismo humano obtém o primeiro a partir da metionina e o segundo da fenilalanina.

As proteínas dos produtos da pesca contêm todos os aminoácidos essenciais e, tal como as do leite, ovos e da carne, apresentam um elevado valor biológico (Quadro I).

 
     
 

Quadro I. Valores médios dos aminoácidos essenciais (g/100 g de proteína) nas proteínas do pescado, leite, carne e ovos.

 
 

Aminoácido essencial

Pescado

Leite

Carne de bovino

Ovos

Lisina (%)

8,8

8,1

9,3

6,8

Triptofano (%)

1,0

1,6

1,1

1,9

Histidina (%)

2,0

2,6

3,8

2,2

Fenilalanina (%)

3,9

5,3

4,5

5,4

Leucina (%)

8,4

10,2

8,2

8,4

Isoleucina (%)

6,0

7,2

5,2

7,1

Treonina (%)

4,6

4,4

4,2

5,5

Metionina-Cistina (%)

4,0

4,3

2,9

3,3

Valina (%)

6,0

7,6

5,0

8,1

 
 
 
 

Se quiser saber mais, consulte:

Belitz, H.-D.; Groseh, W., 1985. Química de los alimentos. Editorial Acribia. S.A., Zaragoza. 813p.

Ferreira, F.G., 1983. Nutrição Humana. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. 1291 p.