PescaO sector da pesca, integrando a captura, transformação e comercialização do pescado, constitui, em muitas regiões, uma actividade fundamental cuja relevância transcende os aspectos puramente económicos, apresentando um inegável contributo social, para além de constituir uma fonte de subsistência. O consumo é bastante diferente de zona para zona devido a aspectos culturais, proximidade de zonas pesqueiras e abundância de recursos, apresentando-se na Fig. 1 a utilização per capita destes produtos a nível mundial.
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Fig. 1. Utilização per capita dos produtos da pesca a nível mundial (adaptado de http://www.fao.org/). |
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Nas últimas duas décadas registaram-se em muitos países alterações significativas neste sector, motivadas, principalmente, pela diminuição dos recursos pesqueiros devido a um crescente esforço de pesca e a dificuldades de acesso a pesqueiros fora das respectivas zonas económicas exclusivas. Assim, cerca de 30 % das espécies actualmente comercializadas estão sobre-exploradas enquanto que 44 % estão próximo do limite de exploração, situação que levou as várias organizações internacionais a propor medidas de conservação conducentes a uma pesca responsável. Todavia, estas medidas não tiveram ainda repercussões positivas no estado dos recursos pesqueiros.Relativamente à produção, é de referir que nos últimos anos se registou, a nível mundial, um aumento que resultou do desenvolvimento do sector da aquicultura que, em 2002, contribuiu com cerca de 28 % do total das capturas (Quadro I).No que respeita à utilização, cerca de 71 % têm sido utilizadas para consumo humano, enquanto que a fracção restante é transformada, maioritariamente, em farinhas e óleos para uso não alimentar (fig. 2). Nos últimos anos, 60 % da produção mundial de pescado tem sido objecto de alguma forma de processamento e, do pescado destinado ao consumo humano, cerca de 54 % é consumido em fresco, seguido do pescado congelado (25,6 %), conservas e semi-conservas (11 %) e do peixe seco/salgado/fumado (9,4 %). A Europa é o principal importador de produtos da pesca, sendo alguns países de África e do Oriente os principais fornecedores como se ilustra na Fig. 3.
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Fig. 2. Utilização de produtos da pesca a nível mundial (adaptado de http://www.fao.org/). |
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Fig. 3. Importações europeias de produtos da pesca (adaptado de http://www.fao.org/). |
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Quadro I. Valores da produção da pesca mundial. |
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* Estimativa com base em dados publicados pela FAO (2004). |
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Em Portugal, os produtos da pesca sempre fizeram parte da gastronomia nacional, sendo usados não só na confecção de um elevado número de pratos tradicionais, mas também, no dia a dia, na preparação de muitas refeições familiares, sendo o consumo per capita (cerca de 60 kg/pessoa.ano) o mais elevado da UE.A produção pesqueira nacional registou um crescimento regular até 1992, ano a partir do qual manifestou uma tendência decrescente determinada, em parte, pela aplicação de medidas técnicas para salvaguarda dos “stocks” de várias espécies que incluíram a redução da frota, assim como alterações decorrentes da cessação/diminuição da actividade em alguns pesqueiros internacionais. A quebra ocorrida no volume de pescado desembarcado foi compensada pelo aumento dos preços médios, o que contribuiu para uma relativa estabilização do valor do produto. Dado que a produção interna é insuficiente para satisfazer as necessidades de pescado, tem-se recorrido à captura em pesqueiros externos e às importações.A actividade da frota de pesca decorre essencialmente em três segmentos – cerco, arrasto e polivalente – tendo sido o cerco responsável, nos últimos anos, pelo maior volume de capturas (cerca de 55 %), seguindo-se a produção das embarcações polivalentes e, por último, o arrasto.Para suprir as necessidades internas de pescado, as importações têm vindo a aumentar a um ritmo idêntico. As exportações de matérias-primas e produtos, por seu lado, têm registado alguma irregularidade.No ano de 2003 foram descarregadas em portos nacionais cerca de 152 000 toneladas de pescado fresco ou refrigerado, sendo a sardinha (64 016 toneladas), o carapau (11 147 toneladas) e o polvo (9 716 toneladas) as espécies com maior expressão.No que respeita à produção aquícola, cerca de 9 000 toneladas em 2002, destacam-se a amêijoa, a dourada, a truta e o robalo que representaram 94,5 % da produção.O pescado fresco é o preferido da maioria dos consumidores portugueses, todavia, a escassez de algumas espécies tradicionalmente comercializadas em fresco, o actual estilo de vida e a circulação global dos bens alimentares conservados em congelado levam a que a procura do pescado congelado tenha aumentado. O consumo do bacalhau salgado seco, considerado o “fiel amigo”, é ainda hoje muito importante, mas, nos últimos anos, diminuiu devido a várias razões entre as quais é de salientar o preço.Se quiser saber mais, consulte:FAO, 2000. The state of world fisheries and aquaculture http://www.fao.org/DOCREP/003/X8002E/X8002E00.htm).FAO, 2002. The State of World Fisheries and Aquaculture, . http://www.fao.org/ documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/005/y7300e/y7300e02.htmFAO, 2004. FAOSTAT data ( http://faostat.fao.org.faostat/notes/citation.htm)INE, 2004. Estatísticas da Pesca 2003. Instituto Nacional de Estatística, Lisboa. |
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